domingo, 4 de dezembro de 2011

Eu mereço.


Depois de pedalar 15km, comer um quilo de salada, tomar 2 litros de água de coco e um suco de jabuticaba e subir cinco andares, de escada, carregando uma bicicleta, eu acho que mereço um bom som, acompanhado daquela cerveja bem gelada, antes do confronto entre o meu Flamengo e o Vasco.

Como diria Galvão, "haja coração!"

Postado por Bárbara


sábado, 3 de dezembro de 2011

Vai-te pra porra!

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Às vezes ser infantil é a melhor maneira de não surtar de vez. Pelo menos a curto prazo funciona e hoje eu me dei o direito de agir como minha sobrinha de 6 anos. Deletei telefone, excluí do facebook e ainda falei aquela frase tradicional que toda criança que é criança de verdade costuma falar quando alguém magoa: não quero mais falar com você. E não quero mesmo.

Não preciso dizer que o motivo disso tudo tem nome, endereço e é do sexo masculino, né? Homem, claro. Existe alguma outra razão para uma mulher regredir a ponto de agir dessa maneira?

Andava interessada no desgraçado fazia tempo. Um interesse silencioso, só meu. Mas aí ele veio chegando de mansinho, como quem não quer nada, pelas beiradas e, quando percebi, já estava envolvida. Macho alfa da pior espécie, ele veio com aquele papo lerdo que toda mulher cai inúmeras vezes e nunca aprende.

Eu já venho te observando faz tempo e, além de interessante, percebi que você é uma mulher sensível. É incrível como as pessoas não conseguem ver sua sensibilidade em seu olhar. Às vezes você tenta ser despojada, mas estilo não tem a ver com a roupa nem com os adereços­, mas sim com a alma. Essas palavras mexeram comigo como há muito tempo não acontecia. O infeliz, além de charmoso, sabe que é bom de lábia. Ele me descrevia de um jeito como se eu fosse a mulher perfeita. Claro que eu caí. Com um homem daqueles falando ao pé do ouvido, qualquer uma vira presa fácil. Não foi difícil aceitar seu convite para sair.

Saímos e tudo correu muito bem. Melhor do que eu imaginava. A noite foi maravilhosa e no dia seguinte, diferente dos amadores, ele me deu total atenção. Disse estar em estado de êxtase após a noite anterior. O negão é um conquistador profissional.

A coisa foi fluindo e ele sempre deixando no ar que estava interessado, que nossas saídas se repetiriam muitas e muitas vezes. Saímos pela segunda vez e ele insistia em me deixar nas nuvens. Claro, quanto mais nas nuvens ele me deixasse, maior seria o tombo que ele estava planejando me dar. E deu.

Começou a ficar inacessível, cheio de compromissos, e eu, para não ser chata, parei de insistir. Ainda assim, continuávamos a conversar e ele a me conquistar cada vez mais com suas palavras encantadoras, até que, como todos os outros, veio com aquele papinho idiota de que não podia se apegar.

Cheio de enigmas e parábolas que confundiam minha cabeça e me faziam acreditar que ele estava tão a fim e apegado quanto eu, hoje de manhã ele me solta esta: “quanto a nosso ‘lance’, eu já fui quantitativo e nessa época era fácil pra mim­. Hoje sou qualitativo e só topo com pessoas legais. Mulheres geniais­”.

Valeu por ter me chamado de burra, mesmo tendo dito o contrário dias atrás. Você entendeu tudo errado, ele disse. “Eu me apego facinho­. Só que eu não posso me apegar a mais de uma. Eu só não quis me apegar a você, já estando apegado a outra.”

Por que não disse isso antes, seu filho de uma puta (com todo respeito à senhora sua mãe), já que vivia dizendo que conhecia a minha essência e sabia da minha sensibilidade? Podia ter dito que tinha outra que eu me encarregaria de não me deixar levar pela sua lábia venenosa. Custava ser um pouquinho menos canalha? Você me comeria do mesmo jeito. Mas não, não bastava comer, tinha que pisar. Vivia dizendo que não é como os outros, mas agiu do mesmo jeitinho e depois disso tudo ainda teve a cara-de-pau de dizer que não falta vontade de estar comigo e que deveríamos ter essa conversa pessoalmente, olhando nos olhos. Pra quê? Pra acabar de vez com minha autoestima? O caralho!

Vai-te pra porra e esqueça que um dia você me conheceu.

Como é que eu fui me deixar levar mais uma vez pelas doces palavras de um conquistador? Não foi a primeira, nem a segunda e, certamente, não será a última. Mulher não aprende nunca.

Postado por Gabi

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Nem tão nua nem tão crua

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Admito. Sou mulherzinha com “M” maiúsculo e “inha” com todo o diminutivo a que tenho direito. MULHERZINHA, assim mesmo, em caps lock. Não sei se tenho orgulho disso, mas assumo que esta é a minha verdade.

Independente, bem resolvida, foda, miseravona, passei minha vida construindo uma imagem do que eu não sou, até o dia em que surtei, enlouqueci e fui parar num hospital após ingerir três cartelas de lexotan.

Eu não queria que as pessoas me vissem como uma patricinha chatinha, nojentinha e inhazinha, porque eu tinha todos os pré-requisitos: família tradicional, mimada, roupinhas de marca e uma mãe que me enchia de maquiagens e bijuterias, digamos, finas. Tá, semi-jóias douradas. Daí a minha ojeriza, durante muito tempo, a qualquer coisa dourada.

O auge da minha revolta foi quando minha mãe quis me obrigar a participar de um baile de debutantes. Era um baile tradicional, que, graças a Deus, não existe mais em Brasília, onde as famílias ditas importantes apresentavam as filhas de 15 anos à sociedade. A parte boa era que sempre tinha um ator global para dançar com as donzelas. No meu ano foi o Marcelo Serrado. Ele mesmo, o Crodoaldo Valério, de Fina Estampa. Não, eu não participei. Era muito brega, gente.

As debutantes usavam vestido de noiva. Uma coisa horrorosa. Não, definitivamente, me recusei a participar daquela palhaçada. Cheguei a ir a algumas reuniões. Tinha aulas de etiqueta, dança de valsa e a porra. Minha tia era uma das diretoras do baile. Se eu não participasse seria o fim. O que as pessoas iriam pensar? O que a família ia dizer?

No final das contas, acabei ganhando um som, presente do qual minha mãe passou anos arrependida de ter me dado, porque eu ouvia os dois lados de Cabeça Dinossauro no último volume. Ela vivia dizendo que eu era a decepção da família. Eu adorava ouvir isso. A partir daí passei a ser a rebelde sem causa. Virei crente, depois saí da igreja, cortei o cabelo, pintei de roxo e coloquei um piercing na sobrancelha. Até o analista enlouqueceu.

Achava papo de mulher muito chato e cansativo. Perdia minha paciência com minhas amigas e passei a ter amizade com os meninos. As meninas me odiavam, porque eu estava sempre rodeada dos meninos mais bonitos do colégio. É verdade que eles não me davam bola e me tratavam como se eu fosse um deles, mas me respeitavam, me admiravam, me achavam “retada”. Eu era a foda, a gente boa, massa. As outras eram nojentas, frescas, patricinhas.

O problema é que, no fundo, o que eu queria era ser como as outras, como a minha irmã, a princesinha, a queridinha da família e a cobiçadinha pelos meninos. A que não falava palavrão, a que um dia ia casar e constituir família. Eu queria usar saia curta e ser chamada de gostosa, mas quando eu colocava uma dessas, os meninos riam de mim. “Isso não combina com você”, eles diziam. Talvez aí esteja a explicação de eu ter passado pelo menos 10 anos sem mostrar minhas pernas.

Os meninos nunca queriam nada comigo e por mais que falassem mal das patricetes, era elas que eles queriam. Eu era amiga, confidente e sofria muito, porque era apaixonada pelo meu melhor amigo. Ele nunca soube disso e, hoje, 15 anos depois, prefiro que nem saiba, porque o cara virou um bagulho. Não ele não é mais meu amigo. Parou de falar comigo depois que começou a namorar uma menina que me detestava e o proibiu de falar comigo.

Casar? Deus me livre! Filhos só atrapalhariam minha vida. Era isso o que eu dizia a todo mundo. Mentira que eu sustento até hoje, quando, na verdade, na verdade mesmo, hoje, aos 30, solteira e infeliz, eu admito: ainda ouço Cabeça Dinossauro no último volume, mas também sou mulherzinha sim e quero todo o que elas querem. Quero casar, ter filhos, cuidar da casa, cozinhar e tudo o que uma mulherzinha com M maiúsculo faz. Eu quero, gente. Eu quero muito.

Postado por Renata