segunda-feira, 21 de novembro de 2011

No meio do caminho havia um shopping, havia um shopping no meio do caminho

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Mulher no shopping em dia de pagamento é uma desgraça. A caminho do trabalho, precisei passar em um para tirar dinheiro. Só tinha 20 centavos na minha carteira. Mas com tantas agências bancárias por aí, por que justamente no shopping? Porque eu ia passar na subway para comprar meu “almoço”. Mas por que no shopping, se há três lojas da subway perto de casa? Porque eu estava perto do shopping quando decidi que queria comer sanduíche da subway no almoço, ora bolas.

Chegando lá, fui direto ao caixa eletrônico. Saquei 40 reais. Só isso? Só isso, ou você nunca ouviu dizer que “dinheiro na mão é vendaval”? Na minha, então, tenha medo.

Caminhando em direção à escada rolante que dá na praça de alimentação, uma palavra me veio à cabeça: Farm. Não, não estou falando de fazenda. É a loja. Que loja?, alguém pode estar se perguntando agora e esse alguém só pode ser um homem, porque eu não conheço uma mulher que não saiba que a Farm é uma loja, de origem carioca, de roupas lindíssimas (e caríssimas também), com estampas únicas e fantásticas e que veste bem qualquer uma de nós. É a minha favorita desde 2005, quando foi inaugurada em Brasília, tomando o lugar da Colcci no meu coração, que com o tempo foi deixando de ser a minha cara, exceto pelas calças jeans, que, até hoje, são as que me vestem melhor. Sim, a Colcci é muito cara também, mas eu não tenho culpa se as roupas que me caem melhor são as mais caras. Eu tento comprar na Renner, na C&A, até na Marisa, mas nada fica bem.

Como ia dizendo, no caminho até a escada rolante, além de ter me lembrado da Farm, passei por várias vitrines com saias e pantalonas lindas, a minha cara, expostas. E mulher, sabe como é, não pode ver uma roupa bonita exposta em uma vitrine, que já pensa logo: estou mesmo precisando de uma calça para trabalhar, ou de um sapato, ou de uma blusa, ou de uma bolsa. Mulher em shopping sempre está precisando de alguma coisa, mesmo sabendo que em seu guarda-roupa já não cabe mais nada. Ainda bem que o meu é igual coração de mãe.

Não, você não pode, sussurrou uma miniatura de mim, vestida de anjo, ao pé do meu ouvido direito. Vá logo comprar seu almoço ou você vai chegar atrasada ao trabalho. Mas você está precisando de umas calças lisas, leves e sociais para trabalhar, ou uns saiões, porque nesse calor tá impossível usar jeans e essa sua roupinha, vamos combinar, está horrorosa, sussurrou uma outra miniatura de mim, segurando um tridente, ao pé do meu ouvido esquerdo.

Tem isso também. Você vai vendo aquele monte de roupa, cada uma mais linda que a outra, e quando se olha nos espelhos espalhados pelo shopping, já se sente a mulher mais feia e maltrapilha do mundo. Ah, não, preciso de umas roupas novas, as minhas estão horríveis. É a primeira coisa que pensamos e já é o primeiro passo para o estrago. Se fosse comprar uma calça ou uma blusa, tudo bem, o problema é que mulher quando começa não quer mais parar. Já quer renovar logo o guarda-roupa inteiro. Tudo bem, renovar o guarda-roupa é legal, mas daí a querer fazer isso todo mês, logo depois que o pagamento entra na conta, é pedir para passar fome.

As duas miniaturas começaram a discutir e eu fui ficando confusa. Quando dei por mim, já estava envolvida pelas araras da Dres To. Fudeu! Eu nunca entro numa loja, assim, por entrar. Sempre acabo comprando alguma coisa. É chato sair de mãos abanando. Já fui vendedora e sei o quanto as meninas ralam para conseguir vender uma peça. Me sinto na obrigação de ser solidária a elas.

Quero ver calça que não seja jeans, você tem? Perguntei à Jamile (era esse o nome da vendedora, super simpática, que me atendeu. Outra coisa que me conquista e me faz gastar ainda mais: simpatia de vendedor)

Quando perguntei da calça, já estava com uma pantalona na mão, doida para levar ao provador. É linda, né? Para você deve ser P, vou buscar uma para você experimentar. Ok, enquanto isso, vou vendo aqui se gosto de mais alguma coisa. É claro que eu já tinha gostado de várias outras peças e pedi que ela pegasse uma blusa que estava exposta na vitrine, afinal, eu não poderia levar uma calça linda daquela sem uma blusa à altura para combinar. Já sentiram, né? Eu nem tinha experimentado a calça e já sabia que ia levar. E levei. Levei a calça e a blusa e já queria sair de lá vestida, porque aquela minha roupinha estava o ó. Aliás, não contem a ninguém, eu já cansei de sair da loja vestida com a roupa recém comprada. Já troquei de roupa em banheiro de shopping também. Será que eu sou a única pessoa que faz isso? Sempre me faço essa pergunta. Não, dessa vez eu não saí vestida com a roupa nova, mas não vejo a hora de chegar logo amanhã para estreia-la.

Postado por Érika

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