domingo, 20 de maio de 2012

O retratista do super zoom

Conheci, há pouco mais de um ano, aquele que viria a ser o homem da minha vida. Mas ele não me conhece. Foi no show do Caetano Veloso com a Maria Gadu, na Concha Acústica. Ele estava fotografando. Ele, que tem todos os predicados que eu sempre idealizei em um homem. Um jeito largado, alto, magro, barba por fazer, traços e expressões marcantes, mãos grandes e um rosto para mulher e homem nenhum botar defeito. Sem contar que eu tenho um certo tesão por fotógrafos e este tem cara de que tem boa pegada. 

Ele, meu retratista, a quem eu me referia como o fotógrafo da lupa gigante, até descobrir que não é lupa, mas zoom. E que zoom! A partir desse dia, procurei por ele em todos os shows a que fui, aqui em Salvador. Sempre o via fotografando, lindo, sozinho, passando de um lado para o outro, em meio ao aglomerado de pessoas, e eu, com os meus olhos, a fotografar cada detalhe, cada traço do seu rosto, cada passo que ele dava. 

Um belo dia, num belo show, depois de belas latas de nova schin (odeio nova schin, mas era o que tinha), com o olhar fixo nele, caminhei em sua direção e perguntei seu nome. Ele, educadamente, se apresentou e me deu aqueles tradicionais dois beijinhos. Brinquei com ele, falando que éramos primos, porque temos o mesmo sobrenome. Depois fiquei sem graça com a merda que acabava de largar, agradeci, falei outra merda maior ainda, dizendo que, a partir daquele dia, nunca mais me referiria a ele como o fotógrafo do super zoom. Pelo menos ele achou graça, ou fingiu ter achado, porque riu. Retribuí a gargalhada e saí em seguida. O show já tinha terminado, ele devia estar cansado e eu, bêbada, consegui usar o bom senso. Se tivesse tentado prolongar o assunto, ia acabar me declarando ali mesmo, com frases do tipo "você é meu sonho de consumo". Não ia ser legal. Não ia mesmo.

Meses depois, me deparo com ele no show da Silvia Machete, no Pelourinho. Dessa vez não esperava encontrá-lo. Fiquei igual a uma abestalhada, diante dele, paralisada. Não enxergava mais nada além dele. Foi nesse dia que eu tive a certeza de que ele era o homem da minha vida. Meu coração acelerou, eu suava frio, minhas pernas tremiam e eu não consegui mais prestar atenção no show. Ele invadiu meu coração e meus pensamentos sem dó nem piedade. 

Adicionei no facebook e ele aceitou minha solicitação. Nunca trocamos uma palavra, desde então, e até hoje fico paralisada na sua presença. A última vez que isso aconteceu foi no show da Márcia Castro, no Teatro Castro Alves. No final, ele passou por mim e eu fiquei petrificada. Não conseguia parar de olhar. Acho que ele percebeu. Deve ter achado graça.

Deby

Nenhum comentário:

Postar um comentário