domingo, 20 de maio de 2012

Quem não tem cão, come pão com macarrão

Essa onda de chuvas em Salvador vai acabar me deixando em forma e desnutrida. Hoje é domingo e, desde quarta-feira, chove sem parar. Até sexta ainda tinha comida descente em casa. De lá para cá, eu me viro com o que tem. É que eu não dirijo e, consequentemente, não tenho carro. Ando à pé ou de busão. E, assim, ir ao mercado está inviável. De vez em quando, ando de táxi, mas o taxista ficaria puto se tivesse que fazer uma corrida da minha casa até o mercado. Não daria cinco reais. Para se ter uma ideia da distância, à pé, eu chego lá em menos de cinco minutos. 

Desconfio que de sexta para cá eu tenha emagrecido uns dois quilinhos. Minha barriga está retinha, minha cintura mais fininha e o short que eu vesti pela manhã está mais folgadinho. Pelo menos para isso tem servido esse exagero de diurético que São Pedro anda tomando pelas bandas de cá. Ontem comi as últimas fatias de queijo com pão de forma. Não tem mais leite e o suco de pêssego acabou na quinta. Tive que fazer café, que também já acabou. Daria tudo por uma panela de brigadeiro agora.

Hoje, para improvisar, fiz chá de erva cidreira e coloquei na geladeira. Tomei uma caneca de chá gelado o dia todo. Pensei em pedir comida chinesa, que é o que sempre me salva em momentos de dispensa vazia, mas fiquei com dó dos entregadores, por causa da chuva forte e da ventania.

Na minha geladeira tem maionese, um patê horrível de sardinha, pão de forma e geleia de pimenta, ardida pra cacete. Fuçando o armário, achei macarrão. Mas temperar com o quê? Alho e óleo foi o que um amigo, no facebook, me sugeriu. Mas cadê o alho? Não tem. Tem ervas de saquinho: alecrim e orégano. Também tem caldo knorr, açafrão, pimenta do reino, cominho e fondor. Dá pra fazer uma sopinha precária de macarrão, mas o que eu queria mesmo era aqueles biscoitinhos que vende na delicatessem há dois quarteirões daqui.

Fui tomar banho, para preparar minha iguaria e comer enquanto assistia a mais um episódio inédito da última temporada de Desperate Housewives. A luz da cozinha queimou e eu improvisei com a luminária que uso para estudar. Na panela, água, sal, orégano, alecrim, fondor, pimenta do reino, cominho, mais fondor e caldo knorr. A água foi fervendo e o cheirinho subindo. Cheirinho bom. Coloquei o macarrão, esperei cozinhar, fiz mais chá, para tomar gelado, torrei duas fatias de pão de forma e pronto. Para dar um gostinho melhorzinho, misturei um pouquinho de maionese, coloquei no prato e um click para a foto. Bonito não ficou. Ruim também não. Nem bom. Mas pelo menos matei minha fome. De sobremesa, um chiclete que eu achei perdido na bolsa.

A previsão do tempo para amanhã é chuva o dia todo de novo. Não vai rolar de ir ao mercado, minha cozinha vai continuar com a luminária e em vez de ter dó de entregador, vou ter dó do meu estômago e pedir uma bela comidinha chinesa, banana caramelada de sobremesa e quatro heinekens long neck, para tirar a barriga e o fígado da miséria.

Tá fazendo um friozinho gostoso. Na falta do chocolate quente, acendi um cigarro e fumei.

Renata


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